A cheia do Guaíba, que marcava 3,30m na régua do Cais Mauá no fim da tarde da segunda-feira, deixou diversos moradores das ilhas da Pintada, do Pavão, dos Marinheiros e das Flores fora de casa. A água atingia o peito de moradores em determinados pontos. Essa é a maior maior inundação desde 1941, quando a régua marcou 4,75m, superando a ocorrida em setembro deste ano.
A moradora da Ilha dos Marinheiros, Isaura Cristina Machado de Castro, citou o longo período de espera para o atendimento da Defesa Civil, acionada no começo da manhã desta segunda, porém, até o meio da tarde, não havia prestado auxílio.
“De madrugada [o Guaíba] começou a subir. E subiu muito rápido. Quando entrou a água na minha casa, antes de entrar, 7h30 [da manhã], comecei a ligar para a Defesa Civil. Aí eles mandaram esperar, esperar. Era meio dia, nada. Daí eu pedi para um vizinho meu com o barco retirar minha família, porque eu tenho dois netos bebês e mais dois grandes, um de quatro anos, de seis anos e um de dois. Aí eu vim por cá para frente [na entrada da ilha], meio dia. Até agora [meio da tarde] esperando a Defesa Civil aqui com as crianças. As crianças estão cansadas de estar aqui esperando”, explicou.
Já Sirlei dos Santos Pereira, moradora da Ilha do Pavão, mencionou que não precisou acionar a Defesa Civil por conhecer a região, porém criticou que os agentes não teriam entrado na ilha, permanecendo apenas na entrada do local.
“Olha, eu não chamei porque eu tenho bastante conhecimento [da região], tenho a minha nora aqui, o meu filho mora aqui, não precisei chamar, mas eles tiveram aí. Eu não posso dizer que não. Eles tiveram até ali [na entrada da ilha], que eles vão num ponto só, eles vão e esperam a gente ir neles, sabe? Como agora o estado do banheiro químico ali [na entrada], podiam botar um pra cá [próximo da ilha] e tem mais gente ali, tem mais outras casas lá que lá em cima”, criticou.
Na Ilha da Pintada, os moradores se organizaram durante a tarde para passar a noite. O membro da associação dos moradores da ilha, Luís Amâncio, mencionou que é a maior enchente que já vivenciou.
“Essa é a maior enchente que teve, nas outras, anteriores, a gente já montou acampamento e agora, no momento [durante a tarde], a gente vai precisar de um galpão, uma lona para montar acampamento pessoal perdeu tudo, tudo, tudo”, expôs.
Na Ilha das Flores, a água também atingia o peito de moradores durante a tarde desta segunda-feira. A Defesa Civil de Porto Alegre atendeu, nesta segunda, a 28 chamados no bairro Arquipélago. No total, foram 107 pessoas, sendo 75 adultos e 32 crianças, realocadas.
A Prefeitura de Porto Alegre disponibilizou o ginásio do Departamento Municipal de Habitação (Demhab) como ponto de acolhimento emergencial. Até às 18h desta segunda-feira, acolhia 48 pessoas.