De férias até o dia 10, o governador gaúcho Eduardo Leite interromperá o seu descanso para comparecer em Brasília ao evento que lembrará na próxima segunda-feira (8) os atos antidemocráticos que tumultuaram a capital federal em 8 de janeiro do ano passado. A participação foi confirmada em entrevista à imprensa na praia de Trancoso (BA), onde ele passa o período.
“Estou programado para ir, por entender como um gesto de importante simbolismo”, declarou. No episódio de quase um ano atrás, o chefe do Executivo do Rio Grande do Sul – já então empossado para seu segundo mandato –condenou publicamente o vandalismo contra as sedes dos Três Poderes por bolsonaristas inconformados com a derrota presidencial de 2022.
Leite declarou naquele mesmo dia, por meio de postagem em sua conta no Twitter: “As cenas criminosas que vemos em Brasília, com barbárie e terrorismo no Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal e Palácio do Planalto são absolutamente inaceitáveis em nossa democracia. No Rio Grande do Sul, estamos com as forças de segurança prontas para resposta firme e imediata diante de qualquer tentativa de subversão da ordem”.
Intitulado “Democracia Inabalada”, o evento de segunda-feira é organizado pelo governo federal e conta com apoio do STF, Senado e Câmara dos Deputados. Ou seja, exatamente as instituições que tiveram suas sedes depredadas por hordas de manifestantes no episódio do ano passado. Também são aguardados representantes do empresariado e de outros segmentos.
Colegas de outros Estados
De olho no eleitorado de direita (no qual ainda há apoiadores da destruição e adeptos de teses golpistas), governadores identificados com a oposição a Lula não devem participar pessoalmente da mobilização. É o caso de Tarcísio Gomes de Freitas (São Paulo), Romeu Zema (Minas Gerais), Jorginho Mello (Santa Catarina), Ratinho Júnior (Paraná) e Ronaldo Caiado (Goiás).
O cenário difere do observado em 9 de janeiro, dia seguinte aos atos antidemocráticos. Naquela ocasião, 23 dos 27 governadores estiveram em Brasília para uma manifestação de repúdio ao quebra-quebra. Os demais (Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Acre) enviaram seus respectivos vices ou outros representantes.
Manifestações regionais
Além de convocar as celebrações para marcar um ano do incidente, Lula teria pedido a líderes ligados ao PT e outros partidos de esquerda a realização de mobilizações também em âmbito regional na próxima segunda-feira. Fontes ligadas ao Planalto ressaltam que um dos objetivos é reforçar a abrangência da mobilização, bem como contemplar parte da militância que não pode se deslocar até Brasília.
Em São Paulo, a incumbência foi repassada à Frente Brasil Popular, que mantém vínculo com o PT e a Central Única dos Trabalhadores (CUT). Também teria sido acionada a Frente Povo sem Medo, com relação próxima ao Psol. A previsão inicial dos organizadores é de que o ato reúna ao menos 15 mil pessoas na Avenida Paulista.