A pesquisa dividiu os participantes em dois grupos:
- Metade assistiu vídeos de conteúdos diversos, como documentários.
- E a outra parcela viu filmes de comédia.
As sessões foram realizadas duas vezes por semana e, além dos pacientes, foi acompanhada pela equipe médica. Ao fim do experimento, todos foram reavaliados. E a surpresa: o coração de quem ficou no grupo das películas de humor estava mais forte. ❤️
O benefício medido é comparado ao de um exercício de esteira, e se mostrou um excelente tratamento complementar na reabilitação.
“Esses pacientes que participaram no grupo da comédia tiveram um aumento da capacidade funcional em torno de 10%. Isso é muito bom para o paciente cardíaco. Ele se equipara à reabilitação cardíaca convencional, na esteira. E é uma técnica fácil, barata, que qualquer um pode fazer, né?”, compara Rosane Maria Nery, doutora em ciências cardiológicas e uma das coordenadoras do estudo.
Contagem de risadas
Foi feita ainda uma contagem das risadas das pessoas, para comparação entre os pacientes – quem gargalhou, “ganhou mais pontos”.
“O efeito é fisiológico. Quanto mais forte for a risada, mais forte a gargalhada, mais ela movimenta músculos da estrutura corporal, aumenta o ar inspirado e expirado, aumenta a frequência cardíaca do paciente também. Isso tudo faz parte do processo da risada. E sim, a risada foi contagiosa, um começava e daqui a pouco a maioria estava rindo junto”, se diverte a médica.
Risada acompanha os exercícios físicos
No serviço de fisiatria e recuperação do hospital, Márcia Martik Frois, 51 anos, faz suas caminhadas semanais. Ela já passou por um infarto e, mais recentemente, teve um AVC. A rotina de atividades físicas busca fortalecer o coração para evitar um transplante.
“Aqui, a gente além do exercício, ri muito. As gurias estão sempre rindo. Nem noto os 40 minutos na esteira”, garante a dona de casa.
A média de idade do grupo avaliado na pesquisa foi de 64 anos. Mas aos 81, a Jandira Passos Caminha venceu a disputa, com bom humor.
“Eu casei com juiz e testemunha. Mas como diz minha mãe, se casamento fosse bom não precisava testemunha”, brinca.
Nos dias em que foi assistir os conteúdos, se surpreendeu com colegas que gargalhavam alto. Mas notou outras pessoas mais sérias.
“A gente se reunia numa sala, assistia uns vídeos bem divertidos, né? Alguns riam bastante, só que tinha uns mais carrancudos. Talvez preocupados com a própria doença, mas eu sou da teoria assim, ó: não adianta tu te preocupar”.
Jandira já teve dois infartos e precisou de uma cirurgia no coração. Mas diz que não pensa no passado.
“A gente sabe que não tem controle de nada. Hoje a gente tá aqui conversando, amanhã será que eu estou? Não sei. Né? É muito imprevisível. Então, a gente tem que viver o aqui e agora”, define.