Após enfrentar eventos climáticos muito adversos, como as inundações de setembro e novembro deste ano, o Rio Grande do Sul deve se preparar para novos meses com chuvas acima da média. A previsão se justifica pela intensidade da ação do fenômeno El Niño, que ganha contornos de “Super El Niño”, de acordo com especialistas.
Segundo análise feita por meteorologistas ligados à NOAA, órgão federal dos Estados Unidos da América, as altas temperaturas das águas do Oceano Pacífico seguem em elevação na altura da Linha do Equador. Além disso, elas chegaram a ultrapassar um patamar de referência para indicar a intensidade do El Niño, aproximando o período atual ao “Super El Niño” de 2015 e 2016.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) já classifica o estágio atingido pelo El Niño como “muito forte”.
“(A temperatura das águas do Pacífico) ficou com temperatura de 2,1 (graus) acima da média normal. Isso é um indicativo de que as águas lá no Pacífico estão as mais altas desde outubro de 2016. Isso só confirma a expectativa do Inmet e de outros meteorologistas de que o El Niño viria com essa intensidade forte. Daqui para frente, há uma expectativa de que pelo menos no mês de dezembro, início de janeiro, ele continue com essa intensidade, beirando essa intensidade muito forte e traga alguns impactos diferentes pro nosso verão aqui no Rio Grande do Sul”, explica o meteorologista Marcelo Schneider, do Inmet.
A força dos eventos recentes no estado é atribuída justamente à presença do El Niño. O fenômeno aumenta a temperatura da água do Oceano Pacífico, intensificando o calor da superfície para a atmosfera. Isso acaba alterando os padrões do clima em todos os continentes, segundo especialistas.
Segundo a Defesa Civil, mesmo com chuva acima da média prevista para o período, os gaúchos não devem sofrer com enchentes como as de setembro e novembro. O órgão lembra que, historicamente, o verão não é uma estação com grandes precipitações no Rio Grande do Sul.
“Vai chover acima da média, mas não teremos essas grandes inundações, com grandes extensões do território do estado atingidas por esses eventos”, afirma o coronel Marcus Vinícius Gonçalves Oliveira, subchefe da Casa Militar – Proteção e Defesa Civil do estado.