Um novo alojamento de trabalhadores vindos da Bahia foi descoberto e interditado na tarde de terça-feira (28) por agentes da prefeitura de Bento Gonçalves. A informação foi divulgada na tarde desta quarta-feira (1º). Apesar do local ter sido alvo da ação administrativa, o grupo continua na moradia por não ter outro local para ficar.
No alojamento, que fica na Rua Maximiliano Sonza, estão 25 trabalhadores que atuavam no ramo avícola em Bento Gonçalves e que são ligados a empresas diferentes que atuam de forma terceirizada na região.
O nome da empresa em que eles prestavam serviços ainda não foi confirmada pelas autoridades. O grupo chegou no final de dezembro à cidade, mas ainda não teria recebido salários.
Os trabalhadores alegam que não foram incluídos na operação do Ministério do Trabalho e Emprego, da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Federal (PF), que resgatou 207 homens em situação análoga à escravidão na colheita da uva, quarta-feira passada, dia de 22 de fevereiro.
A prefeitura informa que foi efetuada a interdição de uma edificação com características de hospedagem que não teria aprovação nem documentação junto ao município, e que a equipe da Assistência Social conversou com as pessoas que residiam no local e que um relatório será remetido às autoridades responsáveis. Ainda segundo o Executivo, o proprietário do imóvel tem 24 horas para apresentar defesa e novo local para a moradia dos trabalhadores.
De origem africana, um trabalhador chegou ao Brasil escondido em um navio em outubro de 2021. Ele soube da oportunidade de trabalho no Estado por conhecidos. Teve proposta de R$ 2 mil para trabalhar na safra da uva. Ao chegar, foi enviado para o apanhe de frangos, com promessa de R$ 3,5 mil. Recebeu R$ 30.
— Só quero receber o que tenho que receber para alugar um cantinho para mim — afirma.
Os trabalhadores no local afirmam que atuavam tanto na safra de uva quanto no apanhe de frangos. Além disso, relatam jornada excessiva de trabalho e pagamentos com valor abaixo do prometido. Eles também tinham descontados de alojamento e alimentação, diferentemente do que estava na proposta de trabalho e eram obrigados a comprar no mesmo mercadinho que os outros 207 trabalhadores que estavam em situação análoga à escravidão.
Os bombeiros informaram aos trabalhadores que o local estava irregular e que também corria risco de incêndio. A prefeitura deslocou uma equipe para verificar a situação.