A Brigada Militar (BM) afastou do policiamento das ruas um policial militar (PM) suspeito de acobertar o trabalho semelhante à escravidão descoberto em Bento Gonçalves, na Serra do RS.
O soldado Márcio Squarcieri, 39 anos, é investigado por tortura e por supostamente atuar como segurança privado para a empresa que contratou 207 trabalhadores para a colheita da uva e para o alojamento em que elas ficavam.
A defesa de Squarcieri considera “pré-julgamento” o afastamento do PM.
O caso veio à tona em 22 de fevereiro, quando três trabalhadores procuraram a polícia após fugirem da pensão em que eram mantidos contra sua vontade. Os homens afirmam que eram extorquidos, ameaçados, agredidos e torturados com choques elétricos e spray de pimenta.
O estopim do caso foi um áudio obtido pela polícia, em que um trabalhador diz que foi espancado com uma cadeira e atingido com spray de pimenta. No áudio, o trabalhador também relata que um dos seguranças do local afirmou que iria matá-los.
”Agora de noite, eles entraram no quarto, trancou a gente e botou spray de pimenta no rosto. Nos espancaram com cadeira, me deram choque. Eu estou aqui todo quebrado”, relata o homem.
“Trancou a gente no quarto, dizendo que ia matar a gente. A gente fugiu pela janela, a gente está dentro do mato escondido aqui. Estamos pedindo socorro”, continua.
Um vizinho do alojamento afirma que era comum ver os safristas machucados. O homem, que prefere não se identificar, também diz que ouvia relatos de agressões.
“Um dia, ali perto do boteco, um mostrou que estava machucado nas costas, todo machucado. Ele disse que deram nas costas dele. Nunca entrei no pavilhão, mas tu via o pessoal, todo mundo se queixava de maus-tratos e tal. De manhã cedo, que tinha que levantar, pra levantar eles davam choque no pé”, afirma o vizinho.