A Corregedoria-Geral da Brigada Militar cumpriu o mandado de prisão preventiva e de recolhimento dos celulares, dos três policiais militares envolvidos na morte de Gabriel Marques Cavalheiro, de 18 anos, cujo corpo foi localizado na tarde desta sexta-feira, em um açude na localidade de Lava Pés,em São Gabriel. O jovem estava desaparecido há uma semana após uma abordagem policial. Ainda na sexta-feira, foi protocolado pela Corregedoria-Geral junto à Auditoria da Justiça Militar de Santa Maria, que já estavam afastados desde terça-feira e na quinta-feira foram agregados, ou seja, estão à disposição do inquérito. A Auditoria da Justiça Militar de Santa Maria acolheu o pedido da Brigada Militar e determinou a prisão preventiva dos militares envolvidos.
Os PMs em questão, um sargento e dois soldados, tinham 16 anos, 15 anos e 6 anos de serviços da corporação, respectivamente, e foram classificados como policiais “experientes”. Em coletiva de imprensa concedida no fim da sexta-feira, o secretário de Segurança do Rio Grande do Sul, o coronel da reserva Vanius Cesar Santarosa, o corregedor geral da Brigada Militar, Vladimir Luis Silva da Rosa, e o comandante geral da instituição, coronel Claudio dos Santos Feoli, esclareceram os fatos e admitiram que houve erro de procedimento padrão por parte dos brigadianos.
O secretário de Segurança manifestou condolências aos familiares do jovem e disse que a Bm tem uma história bicentenária de apurações rígidas e que, a ao final da investigação, se ficar constatado que “os policiais agiram de forma que a BM não coaduna, serão responsabilizados da forma mais dura que a lei determina”.
O corregedor da instituição salientou que a investigação está sendo acompanhada por órgãos externos, como o Ministério Público, que exerce o controle externo da atividade militar, da Auditoria Militar de Santa Maria e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Retrospectiva cronológica
Feoli fez uma retrospectiva cronológica para relembrar a ordem dos fatos. Na segunda-feira, Anderson da Silva Cavalheiro, pai de Gabriel, procurou o Quarto Esquadrão de Polícia Montada de São Gabriel para relatar o desaparecimento do filho. O comando local buscou registros de abordagens que eventualmente envolvessem o Gabriel, e ao encontrar, de imediato, registraram inquérito policial militar (IPM) na própria segunda. Na oitiva, verificou-se que o deslocamento e a abordagem aconteceram diante de uma solicitação via telefone 190 e na chegada foi feita a abordagem.
“Na terça-feira, já houve uma constatação de que o que havia sido registrado nos boletins de ocorrência não coadunava com o que havia sido declarado pelos PMs na oitiva do IPM, fato que desencadeou a solicitação para que a Corregedoria assumisse o inquérito e agilizasse a perícia da viatura para elucidar o ocorrido”, relatou.
O que tinha no registro da oitiva
“Os registros do GPS se alinham à cronologia que traz o momento da abordagem,o deslocamento até os Lava Pés, a permanência no local pelo período de 1”50”, e depois retorno para o Centro da cidade”, contou o comandante da BM.
Trabalho em conjunto
A corregedoria despachou três equipes especializadas para acompanhar a apuração dos fatos. O trabalho foi feito em conjunto com todos os agentes liberados pela Secretaria de Segurança Estadual, como Corpo de Bombeiros, Polícia Ambiental, helicópteros e outros equipamentos para a busca.
Hoje a investigação é coletiva, junto à Polícia Civil e Instituto Geral de Perícias do Rio Grande do Sul (IGP-RS), além do controle dos órgãos externos.
O resultado
Conforme a lei, pode sair em 40 dias com prorrogação de mais 20, mas a previsão é que finalize antes do tempo estipulado.
Imagem da Instituição
Santarosa afirmou de forma contundente que situações como essa são esporádicas ao comparar esse caso com o volume de atendimentos diários feitos pela BM. “São 15 mil pessoas abordadas por dia, 5 mil veículos, e casos como esses são esporádicos, e quando acontecem são apurados com rigor e da forma mais severa”, enfatizou. A corporação ainda está analisando se afastará o comandante de São Gabriel.
Assistência à família
O secretário disse que ainda não foi avaliado se o Estado deve ou não prestar assistência à família do jovem, assim que o resultado foi oficializado e se comprovar o nível de responsabilidade de cada policial.
Câmeras corporais
As câmeras corporais devem ser integradas ao trabalho dos policiais militares até o fim de 2022, seriam cruciais para a resolução desse caso se já estivessem em ação. O equipamento grava tudo, sem a possibilidade de ser desligado. Na rua, se o agente for chamado para uma ocorrência ou flagrar um crime acontecendo, basta acionar um botão e uma central da BM passa a acompanhar tudo que estiver acontecendo, em áudio e vídeo. Esse dispositivo irá ajudar na elucidação de casos como o de Gabriel e talvez, até evitá-los, já que as ações ficaram registradas.
Resumo do caso
Morador de Guaíba, Gabriel Marques Cavalheiro estava em São Gabriel para cumprir o serviço militar obrigatório. As informações apontam que o jovem foi abordado na avenida 7 de Setembro, no bairro Independência, pelos três policiais militares na viatura. Depois não foi mais visto. até ser encontrado em um açude nesta sexta-feira.