Espumantes produzidos em Pinto Bandeira, na Serra do Rio Grande do Sul, conquistaram nesta terça-feira (29) a primeira denominação de origem (DO) da bebida no Brasil. A obtenção do título junto à Revista da Propriedade Industrial levou cerca de uma década, desde o início do processo por parte da Associação dos Produtores de Vinho de Pinto Bandeira (Asprovinho).
As denominações de origem são comuns no universo dos vinhos e espumantes. O Champagne, da França, e a Franciacorta, da Itália, são algumas das mais conhecidas do mundo.
A nova DO passa a ser conhecida como Altos de Pinto Bandeira. O selo é reservado às vinícolas Aurora, Don Giovanni, Geisse e Valmarino, que precisam seguir regras rigorosas de controle, desde o cultivo das uvas até o engarrafamento.
“Agora podemos trabalhar na consolidação do posicionamento da marca no cenário nacional e no mundo do vinho. Isso porque a DO dos Altos de Pinto Bandeira é a única DO exclusiva de espumantes do Novo Mundo”, diz o presidente da Asprovinho, Daniel Geisse.
Regras
Para receber o selo de DO Altos de Pinto Bandeira, o espumante precisa ser produzido com uvas chardonnay, pinot noir e riesling itálico. Além de cultivadas em uma área delimitada, elas precisam ser conduzidas pelo método de espaldeira.
As uvas têm maturação moderada e composição equilibrada entre acidez e açúcar. Segundo a Asprovinho, após o protocolo, o produto passa por análises laboratoriais e sensoriais. Só então o rótulo recebe o selo.
Projeto
O projeto de estruturação da DO contou com a parceria de entidades como a Embrapa Uva e Vinho, a Universidade de Caxias do Sul (UCS), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), além do Sebrae Nacional, do Sicredi Serrana e da prefeitura do município.
“O trabalho da Embrapa e parceiros foi decisivo para esta conquista, seja na definição do Caderno de Especificações Técnicas que contempla o conjunto de requisitos de produção que garantem a qualidade dentro da tradição da região, seja na delimitação da área de produção, na caracterização do meio físico, do sistema produtivo vitícola e enológico, bem como na caracterização analítica e sensorial dos espumantes, bem como de todos os estudos que possibilitaram este reconhecimento com base nas exigências da legislação do Brasil na matéria”, explica Jorge Tonietto, pesquisador da Embrapa.
Com 76,6% de sua área em Pinto Bandeira, a DO também contempla uvas plantadas em alguns pontos de Farroupilha e Bento Gonçalves. A altitude média da região é de 632 metros, com terrenos de relevo ondulado e montanhoso. As temperaturas amenas e a exposição solar da margem esquerda do Vale do Rio das Antas propiciam as técnicas de produção no local.