O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, anunciou que medidas de fiscalização estão sendo reforçadas diante do anúncio nesta quarta-feira (15), pelo Ministério da Agricultura e Pecuária do Uruguai, do primeiro caso no país da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP, com vírus de subtipo predominante H5N1) em um cisne-de-pescoço-preto na Lagoa Garzón.
“Já havia tido caso da doença na Bolívia, mas em um local mais distante, na Argentina também, mas, agora, um registro a 180 quilômetros, na fronteira do Brasil com o Uruguai, aumenta ainda mais a nossa vigilância”, afirmou Fávaro, em coletiva de imprensa organizada após o anúncio do caso, como divulgado pela Agência Estado (AE). “Hoje não dá para dizer nem que vai vir nem que não virá, ela pode acontecer e pode não acontecer. O que a gente sabe agora é que aumentou o nível de risco”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin. “O que importa agora é que aumentou o risco, e quando aumenta o risco eu tenho que aumentar os cuidados”, completa.
Fávaro acrescentou que o trânsito nas divisas entre o Brasil e outros países vai continuar, mas vai haver aumento de fiscalização. “O Ministério está vigilante, acompanhando qualquer ave doente com eventual sintoma de H1N5. A ABPA e o ministério estão orientando produtores sobre reforço de prevenção”, afirmou, de acordo com a AE. Segundo o secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart, também presente na coletiva, as áreas de vigilância sanitária do Mapa já estão discutindo as ações a serem tomadas se a doença for registrada no Brasil. O período de migração de aves silvestres é o que traz mais risco de aparecimento da doença e deve continuar até maio.
A pós-doutora em Ciência Animal e professora da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Liris Kindlein considera que o Brasil tem um sistema de biosseguridade capaz de lidar bem com a situação, caso o vírus chegue. “Na minha opinião, nossos órgãos fiscalizadores são eficientes e suficientes. O Mapa intensificou a vigilância nas fronteiras, pois nas regiões lindeiras as fronteiras são mais suscetíveis. Acredito que muitos de nossos estados possuem condições de monitoramento e até controle sanitário para evitar a entrada”, opina Liris. “O Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro) já estabeleceu regras e controles do ingresso no território nacional de produtos de origem animal, presumivelmente não veiculadores de doenças contagiosas, em bagagem de viajantes, para consumo próprio e sem finalidade comercial”, acrescenta.