Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Sou da Paz identificou 93 vítimas de ataques em escolas do Brasil com armas de fogo entre 2002 e 2022. O levantamento levou em consideração casos em nove estados do país, sendo o massacre da escola municipal em Realengo, no Rio de Janeiro, em 2011, o mais letal.
Dentre as 93 vítimas de ataques em escolas com armas de fogo, 34 morreram e 59 ficaram feridas. Os 12 casos aconteceram na Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraíba, Paraná e São Paulo, além do Rio de Janeiro.
Ao somar os ataques com armas brancas, o número pula para 23 incidentes nos 20 anos reunidos no levantamento. Dez destes episódios de violência ocorreram no último ano, segundo um estudo feito pelo Grupo de Ética, Diversidade e Democracia na Escola Pública da Unicamp.
A diretora executiva e a coordenadora do Sou da Paz, Carolina Ricardo e Danielle Tsuchida, respectivamente, publicaram um artigo na imprensa destacando os principais motivos relatados pelos autores dos ataques para realizar tais ações.
Em grande parte, os responsáveis pelos massacres falam sobre terem sofrido bullying e destacam a subcultura do ódio impulsionada pela internet e pelas redes sociais.
“Essa subcultura, aliada à mudança na sociabilização de crianças e jovens, muito mais mediada pelo mundo digital, coloca um novo desafio para família, escola e estado: como supervisionar e apoiar esse uso da internet de forma a torná-lo mais saudável e minimizar o risco de envolvimento nessa cultura violenta”, diz trecho do estudo divulgado pelo Sou da Paz.
Nos 12 ataques compilados pelo instituto, os autores eram alunos ou ex-alunos das instituições – o que mostra uma relação direta com o espaço no qual os ataques são feitos.
“As escolas precisam ter condições de atuar a partir de relações construídas na base da cooperação e empatia e profissionais com capacidade de lidar com questões de saúde mental. Para isto, a presença do estado é fundamental para investir na qualidade do ensino com formação, remuneração justa e contratação de mais profissionais. É necessário que este trabalho se dê em rede, mobilizando as áreas da saúde e assistência social”, conclui Carolina.