Em seu primeiro discurso aos EUA depois de desistir da reeleição, o presidente americano, Joe Biden, defendeu sua decisão nessa quarta-feira (24) como a melhor para a democracia do país, além de elogiar o trabalho da sua vice, Kamala Harris, a quem chamou de “forte e capaz”. Emocionado, o mandatário de 81 anos falou diretamente do Salão Oval três dias depois do oficializar sua saída da disputa contra o ex-presidente Donald Trump após semanas de pressões internas e especulações.
“A defesa da democracia, que está em risco, é mais importante do que qualquer título”, disse Biden, destacando que a decisão pela saída “não é sobre mim, é sobre vocês, sobre suas famílias, sobre o seu futuro”. “Decidi que a melhor maneira de avançar é passar o bastão para uma nova geração.”
Destacando seu amor pelo país e gratidão ao povo americano, o presidente defendeu o legado do seu trabalho como político “por mais de 50 anos”.
“Eu acredito na minha trajetória como presidente, na minha liderança no mundo, mas nada pode ficar no meio de salvar a democracia, isso inclui a ambição individual”, disse Biden. “Eu sei que há um tempo e um lugar para novas vozes, e este tempo é agora.”
O presidente elogiou o trabalho de Kamala Harris como vice-presidente e destacou a importância da decisão que será tomada em novembro.
“Eu gostaria de agradecer à nossa grande vice-presidente Kamala Harris. Ela é esperta, ela é forte, ela é capaz. Ela tem sido uma parceira incrível para mim e líder do nosso país. Agora a escolha é de vocês, americanos”, afirmou, aconselhando: “A história está em suas mãos, os poderes estão em suas mãos, a ideia da América está em suas mãos”.
Biden disse que continuará o restante do seu mandato, que acaba em janeiro, focado em conduzir bem a economia do país e na defesa dos direitos civis: “Durante os próximos seis meses, continuarei reduzindo os custos para as famílias trabalhadoras e fazendo crescer nossa economia. Continuarei defendendo nossas liberdades individuais e direitos civis, do direito ao voto ao direito de escolha”.
Na política externa, ele disse que continuará seus esforços para frear os avanços do presidente russo, Vladimir Putin, na Ucrânia, fortalecendo a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Biden também mencionou a manutenção da aliança do EUA no Pacífico, exaltando a soberania do país sobre a China. O presidente também afirmou que trabalhará para pôr um fim na guerra em Gaza, no momento em que o premier israelense, Benjamin Netanyahu, está em Washington a convite de congressistas republicanos.
Telefonemas
Na sexta-feira anterior ao anúncio da desistência, Biden recebeu telefonemas de parlamentares aliados, incluindo a senadora Elizabeth Warren, a quem garantia que seguiria até o fim – o democrata citava a resiliência que marcou sua longa vida política e como ele conseguiu dar a volta por cima mesmo em momentos que pareciam intransponíveis. Em uma ligação com Ron Klain, ex-chefe de Gabinete do democrata e que se tornou um conselheiro próximo, ouviu o pedido para que não saísse da disputa. A resposta foi direta.
“Essa é minha intenção. Isso é o que farei”, disse Biden, segundo o New York Times.