Os produtores de leite ligados à Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS) programam nova mobilização contra a crise do setor no Estado. Há meses os governos estadual e federal estão sendo alertados sobre os problemas causados pela importação desenfreada de produtos vindos do Mercosul, em especial, leite, alho, vinhos, trigo e carne.
Foram incontáveis reuniões com ministros, secretários, lideranças políticas e até mesmo com o vice-presidente da república. Diante da ausência de ações concretas, os produtores deverão realizar um novo protesto na próxima semana e, segundo a federação, irá paralisar a ponte internacional de Jaguarão, na fronteira do Brasil com o Uruguai. A decisão foi tomada após reunião da Comissão Estadual do Leite e dos coordenadores regionais da entidade, realizada nesta segunda-feira, 18, em Porto Alegre.
O objetivo da manifestação é pressionar os governos no sentido de revisar as regras do Mercosul, implantação de políticas de subsídios governamentais para os produtores (a exemplo do que já ocorre na Argentina), tornar a Conab reguladora do mercado interno, e centralizadora das importações e prorrogação de dívidas dos produtores de leite. O protesto está previsto para o dia 27, quarta feira, mas pode se estender também para o dia seguinte.
Para o presidente da Fetag-RS, Carlos Joel da Silva, o produtor não aguenta mais esperar e o governo federal fez muito pouco até agora para salvar o produtor de leite do Brasil.
– A mobilização é a única saída encontrada, já que não podemos mais ficar marcando reuniões que não apresentam resultados práticos. Infelizmente, produtores terão que deixar suas propriedades novamente para fechar a fronteira como forma de pressão. Se eles não barram o produto do Mecosul, o produtor vai barrar –, disse.
A federação promete buscar contato com outros estados para incentivar que a ação ocorra em outros postos de fronteira, especialmente em Santa Catarina e no Paraná. O vice-presidente da Fetag-RS, Eugenio Zanetti, relatou que teve acesso a uma nota de um produtor, que recebeu R$ 1,04 pelo litro de leite, valor menor que de um litro de água.