Fernando Sastre de Andrade Filho, motorista do Porsche acusado de matar Ornaldo da Silva Viana em um acidente de trânsito, ofereceu um salário mínimo (R$ 1.412) por mês à família da vítima. Entretanto, não especificou o período que duraria a ajuda financeira.
Em petição apresentada na quinta-feira (11), a defesa do acusado diz estar “sensível ao momento” e afirma que ficou sabendo, por meio da mídia, que a família de Ornaldo passa por dificuldades financeiras.
Os defensores também dizem que, em outra oportunidade, tentaram contato verbal com os advogados da família da vítima a fim de oferecer “as assistências necessárias”, mas receberam a resposta de que “não era o momento”.
Nesta sexta-feira (12), o motorista do Porsche apresentou à Justiça um comprovante de depósito em conta judicial no valor de R$ 500 mil a título de fiança.
O juiz da 1ª Vara do Júri de São Paulo estabeleceu esta fiança “para garantir uma eventual reparação futura ao amigo ferido e à família de Ornaldo Viana”. Segundo o magistrado, o valor é proporcional e adequado, “tendo em vista sua condição socioeconômica e necessidade de garantir eventual reparação de danos à vítima sobrevivente e aos familiares da vítima fatal”.
O automóvel de luxo ficou parcialmente destruído no acidente e não tem seguro. Ele pertence à empresa da família do motorista, a F. Andrade, de propriedade de seu pai, Fernando Sastre de Andrade. Ela atua no comércio de materiais para construção, segundo a Receita Federal. A empresa distribui ferro e aço para a construção civil.
O Renault Sandero branco EXP, ano 2017, guiado por Ornaldo, custava em torno de R$ 40 mil. Ele chegou a ser socorrido por uma ambulância dos Bombeiros, mas não resistiu e morreu no Hospital Municipal do Tatuapé. Tinha 52 anos e dirigia o veículo sozinho. Seu automóvel teve a traseira completamente destruída depois de ter sido atingido pelo Porsche.
Fernando disse em seu interrogatório à Polícia Civil que saía de uma casa de pôquer com um amigo e que trafegava “um pouco acima do limite” de 50 km/h para a via quando ocorreu o acidente. O empresário não soube dizer aos policiais qual era a velocidade em que estava.
O amigo de Fernando, Marcus Vinicius Machado Rocha, que estava no banco do passageiro e ficou gravemente ferido, prestou depoimento à polícia na quinta, horas antes de receber alta.
Um delegado e um investigador foram ao quarto em que Marcus estava confirmaram que o empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, que dirigia o carro de luxo, tomou bebida alcoólica e acelerou antes de bater na traseira do Sandero de Ornaldo.
Em depoimento à polícia, o motorista do Porsche negou ter bebido ou fugido do local. Admitiu, no entanto, que dirigia “um pouco acima do limite” de velocidade para a via, que é de 50 km/h. A namorada de Fernando foi ouvida nesta semana pela polícia e confirmou a versão dele.
A polícia já pediu duas vezes a prisão de Fernando à Justiça, que negou os pedidos. O empresário responde aos crimes em liberdade, mas foi obrigado pela Justiça a entregar o passaporte à Polícia Federal (PF) e pagar uma fiança de R$ 500 mil. Além disso, teve a carteira de motorista suspensa provisoriamente.
A defesa de Fernando alega que o acidente foi uma “fatalidade”. A Corregedoria da Polícia Militar (PM) investiga se os policiais militares falharam no atendimento da ocorrência por não terem feito o teste do bafômetro em Fernando. Sem o exame, não foi possível saber se o motorista do Porsche havia bebido.
A mãe do empresário também prestou depoimento e afirmou que os policiais militares tinham liberado seu filho do local do acidente para ir a um hospital. Mas a mulher não o levou para lá alegando que estava sendo ameaçada pelas redes sociais por causa do acidente causado pelo filho.
“Um sentimento de injustiça gigantesco dentro de mim”, escreveu em seu Instagram, Luam Silva, filho do motorista por aplicativo Ornaldo, morto no acidente.