O dólar engatou movimento de alta na sessão de negócios desta quinta-feira, 11, e o real se descolou da valorização vista em boa parte de divisas emergentes e fortes. Analistas apontam questões internas, como as incertezas com questões fiscais e políticas, como fator que impede a moeda local de manter uma trajetória mais firme de valorização ainda que notícias externas tenham sido mais favoráveis para o enfraquecimento do dólar no âmbito global.
Cleber Alessie Machado Neto, gerente de mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, nota que o real indicou “algum desconforto” do mercado com os níveis na região de R$ 5,05, tocados na quarta-feira. “O mercado parece aproveitar os atuais níveis entre R$ 5,05 e R$ 5,10 para zerar posições vendidas, dando a crer que ainda não estaria confortável a ponto de alimentar os movimentos desencadeados pelo CPI e PPI abaixo do esperado nos EUA”, disse.
Assim, um dia após oscilar na região dos R$ 5,05, abriu com alta comedida. Pouco antes e logo depois da divulgação do índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos, que veio bem menor que o consenso, o dólar bateu mínima a R$ 5,0640. Mas passou a subir com ímpeto após as 11 horas, em manhã na qual houve a leitura da Carta às Brasileiras e aos Brasileiros – Estado Democrático de Direito Sempre, que conta com aproximadamente 900 mil assinaturas.
O dólar no segmento à vista saiu da abertura cotado a R$ 5,0855 para fechar em alta de 1,44%, a R$ 5,1582, batendo em R$ 5,1713 na máxima intraday.
Matheus Pizzani, economista da CM Capital, ressalta que a volatilidade deve estar presente no mercado de câmbio brasileiro muito influenciada por questões domésticas. “Problemas internos agregam desconfiança para o investidor estrangeiro. A economia demorando um pouco para deslanchar e o adicionamento de custo à estrutura fiscal pesam. Por mais que tenhamos superávit primário este ano, que será impulsionado pela inflação, houve uma adição de custo significativa”, diz.