Devoção, fé e muita emoção marcaram a tradicional bênção das máquinas dos agricultores da Serra nesta quinta-feira (2) no Santuário de Caravaggio, em Farroupilha. Cerca de 350 tratores e carretões participaram da Romaria Votiva, que teve bênção e procissão. Vindos de diversas cidades, muitos produtores estavam acompanhados por familiares e foram pedir proteção e agradecer pela colheita.
Morador do 1° distrito de Farroupilha, o agricultor e vereador da cidade, Maurício Bellaver, 37 anos, comparece à romaria desde pequeno. A tradição será mantida com a filha Isabelle, que ainda não nasceu, mas já estava presente na barriga da mãe, Daiane Paese, 33, grávida de sete meses.
— Venho agradecer pela saúde e para abençoar as máquinas porque temos tido muitos acidentes. Viemos agradecer a safra e pedir pela próxima — disse.
Produtor de uva, ele conta que não é apenas a falta de chuva que preocupa, mas também o alto valor dos insumos. Ele estava acompanhando também de Rudimar das Chagas Johann, 28, que o ajuda na propriedade, e pela filha de Jonhann, Ester, oito.
Já Sandro André Tumerelo, 37, mora a três quilômetros do Santuário, na localidade de Caravaggio. Ele produz uva e pêssego e participa da romaria há 17 anos:
— A bênção faz bem para a agricultura porque a nossa situação está cada vez pior. Eu agradeço pela saúde, pela safra e peço chuva para acabar com a seca que está castigando a gente.
O jovem José Antônio Giacomelli mora na Vila Jansen, em Farroupilha, e foi quem conduziu o trator e o carretão da família até o Santuário na manhã desta quinta. Ao lado da namorada Taíssa Correa, 16, que mora em São Marcos, diz que é preciso sempre agradecer. Na propriedade, a família produz uva, caqui e pêssego. Para ele, o pedido é para que a geada e o granizo não acabem com a safra.
As celebrações envolvem as comunidades de Farroupilha, Pinto Bandeira, Nova Roma do Sul, Caxias do Sul e Flores da Cunha. Eles deixam de trabalhar na colheita em meio à safra para manter a tradição que nasceu no final do século. Naquele ano, em 2 de fevereiro de 1889, cerca de 19 localidades nos arredores do Santuário de Caravaggio foram castigadas pela falta da chuva.
Depois de mais de seis meses de seca, os moradores decidiram realizar, no dia 2 de fevereiro de 1899, uma procissão para implorar a graça da chuva. Eles caminharam de várias cidade vizinhas em oração e penitência, afim de suplicar a intercessão de Nossa Senhora. A graça foi alcançada, e no mesmo dia, choveu torrencialmente na região. Assim, a cada ano, os produtores voltam a Caravaggio para orar a Nossa Senhora e renovar o pedido.
Procissão, réplica da Igreja e cestas de frutas
À frente das máquinas estava o carro andor, com a imagem de Nossa Senhora do Caravaggio e os padres que abençoam as máquinas. Neste ano, no primeiro carro alegórico estavam as soberanas de Farroupilha. Outra novidade foi a presença da Kombi do Santuário, que foi reformada.
Em frente ao antigo Santuário havia cestos com frutas ao redor de uma réplica da igreja nova. Os líderes de cada comunidade levaram até lá frutas, que são resultado do trabalho árduo dos agricultores de cada paróquia.