A quadrilha que extorquiu mais de R$ 2,5 milhões das vítimas do golpe dos nudes inovou nas ameaças ao fazer imagens das residências de um empresário e da filha dele em Balneário Camboriú, em Santa Catarina. Responsável pela operação X-Con III, a titular da DP de Esteio, delegada Luciane Bertoletti, os criminosos vão sendo “mais cruéis”.
O empresário catarinense caiu no golpe no ano passado e já tinha pago cerca de R$ 7 mil. “Depois, os criminosos foram na casa dele porque ele não queria mais depositar”, lembrou a delegada Luciane Bertoletti. Além de gravarem um vídeo da moradia dele, os bandidos filmaram também a moradia da filha, sendo feitas ameaças inclusive de atearem fogo.
“Foram no estabelecimento comercial dele e largaram um pacote, dizendo que ali dentro tinha as mensagens trocadas e nudes”, acrescentou a titular da DP de Esteio. “A ameaça foi além e ele decidiu a partir disso procurar a polícia, pois não ia mais parar e ele estava sofrendo, sendo coagido”, contou a delegada Luciane Bertoletti, frisando que nenhum outro pagamento foi mais efetuado. Quem esteve em Balneário Camboriú foi identificado na investigação iniciada em maio do ano passado.
CUIDADOS
A delegada Luciane Bertoletti orientou que as vítimas do golpe dos nudes não paguem jamais qualquer valor exigido pelos criminosos. Ela recomendou que tenham mais cuidado com as postagens nas redes sociais. “Limite as informações pessoais e que demonstrem poder aquisitivo, viagens, carros”, resumiu.
A titular da DP de Esteio sugeriu ainda que não sejam aceitos convites de amizades, sobretudo com teor mais sexual. “Tem que desconfiar”, disse.
“Se caiu no golpe, venha até a delegacia mais próxima e registre uma ocorrência”, enfatizou, assegurando que os criminosos desistem e cessam as ameaças ao saberem do acionamento policial.
No golpe dos nudes, a vítima troca mensagens de cunho sexual e fotos íntimas com uma suposta jovem, sendo extorquida depois para que as imagens não sejam divulgadas. Os criminosos se passam por pai ou policial para exigirem o pagamento.
OPERAÇÃO
A operação X-Con III foi realizada na manhã desta quinta-feira em 15 cidades gaúchas e resultou em 32 presos, sendo apreendidos mais de 100 telefones celulares, drogas e armas. “Temos um trabalho árduo pela frente de análise deste material e depois concluir esse inquérito”, previu a delegada Luciane Bertoletti.
Cerca de 250 agentes cumpriram 122 ordens judiciais, incluindo 39 ordens de prisão, 44 mandados de busca e apreensão, além de 39 bloqueios financeiros e quebras de sigilo bancário.
No sistema prisional, as ordens judiciais tiveram como alvos apenados na Penitenciária Estadual de Canoa 4, Penitenciária Estadual do Jacuí, Presídio Regional de Passo Fundo e Penitenciária Modulada Estadual de Charqueadas. Houve a participação da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe). Um total de 14 telefones celulares foram recolhidos.