A Expointer deste ano vai ser de estreia e de retorno de raças de animais ao parque de Exposições Assis Brasil (PEEAB). Ao todo, 6.378 animais de argola e rústico estão inscritos nesta edição. Entre os destaques está a apresentação de uma raça caprina e outra bovina que nunca antes tinham participado do evento agropecuário.
Entre os caprinos, a raça que estreia é a Kalahari, de cor avermelhada, rústica, menos suscetível a verminoses e com boa rentabilidade. O criador Renato Moreira Linhares, de Santana da Boa Vista, vai trazer 16 exemplares. “Eu sou apaixonado por animais, e o Kalahari me saltou aos olhos, como se diz. Não tinha exemplares no país e nós importamos os embriões há uns cinco anos e começamos a produção”, conta. A expectativa, segundo Linhares, é fazer da feira uma vitrine e tornar a raça conhecida.
O presidente da Associação dos Caprinocultores do RS (Caprisul), Jônatas Breuning, destaca também o aumento do número de animais inscritos em cerca de 150%. Além disso, observa que a raça Boer atraiu mais criadores. Nessa Expointer, são 131 caprinos de três raças: Boer (97), Anglonubiana (18) e Kalahari (16).
Entre os bovinos de corte, o destaque é para a raça Bravon, que conquistou o registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em 2020. A Bravon é resultante do cruzamento de animais Devon com zebuínos de corte. Serão cinco exemplares na exposição, três do criatório de Wanderley José Corona, de Anita Garibaldi (SC), e dois da Cabanha Timbaúva, de Pedras Altas.
Os terneiros Timbaúba Bravon Ponteiro 210 e Timbaúba Bravon Trovão 211, de Pedras Altas, estão participando de um teste de eficiência alimentar (CAR), realizado pela Ufrgs, em parceria com a Associação Brasileira de Criadores de Devon e Bravon (ABCDB), e vão ficar em baias móveis. A premiação ocorre no dia 30, pela manhã, no estande da ABCDB. “Esta é uma raça nova, muito competitiva, que mantém a fertilidade, a docilidade e a rusticidade do Devon com o cruzamento dos zebuínos, no nosso caso Nelore-Mocho ou Brahman”, explica o produtor da Cabanha Timbaúva, Leonardo Tavares.
A fazenda Timbaúva tem uma tradição de mais de cem anos na criação de Devon, tendo começado em 1907, com o bisavô de Leonardo, e depois Bravon, com o pai entre 1999/2000, e já participado da Expointer, neste período, dentro ainda do registro Devon. “A participação desta nova raça é muito importante, porque apresentaremos ao público e ao grande palco da pecuária brasileira uma raça sintética oriunda do Devon, com todas as suas características e vantagens. Isso significa que agora a associação representa duas raças”, afirma a presidente da ABCDB, Simone Bianchini.
Também entre os bovinos de corte, há o retorno da raça Shorthorn que não esteve na Expointer nos anos de 2020 e 2021 devido à pandemia. Serão sete exemplares dessa raça. “A Expointer está retomando seus números pré-pandemia, com 5.093 animais de argola inscritos, um crescimento em praticamente todas as raças e espécies. Era o esperado, até porque muitas raças vão fazer exposições nacionais durante o evento, além daquelas que estão participando pela primeira vez da feira ou retornado”, destaca Pablo Charão, zootecnista responsável pelo Serviço de Exposições e Feiras da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) e comissário-geral da Exposição de Animais da Expointer.
Raças que retornam à feira
Uma das raças que volta à feira depois de 14 anos é a Lacaune, com três exemplares, de ovinos de leite. A última participação havia sido em 2008. O criador e zootecnista Anderson Bianchi, da Cabanha 3 Leites, de Lageado Grande, no oeste de Santa Catarina, tem um plantel de 650 animais e traz para a feira duas fêmeas e um macho. “A expectativa é grande. A Expointer é uma vitrine e pretendemos fechar muitos negócios futuros a partir desta participação. É importante dizer que só estamos conseguindo participar por causa da conquista do Rio Grande do Sul como zona livre de aftosa sem vacinação em 2021”, destaca.
Segundo Bianchi, o objetivo é mostrar a raça de ovino leiteiro, o seu potencial. “Além dos animais, vamos levar alguns produtos do nosso laticínio no Pavilhão da Agricultura Familiar, como queijos, doce de leite e iogurtes”, informa o criador.
Os ovinos aumentaram a sua participação em 10% na comparação com o ano passado, tendo 892 animais inscritos de 15 raças. Os animais em maior número são Texel, com 229 animais, e o Texel colorido, com 114. “A nossa expectativa é a melhor possível. A expressiva participação de ovinos mostra o bom momento que vive a ovinocultura e a vontade dos criadores de mostrar toda a sua pujança, do melhoramento genético das raças e de todo o investimento que fazem durante o ano. Com certeza, teremos uma grande Expointer”, comemora o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco), Edemundo Gressler.
Entre os bovinos mistos, há o retorno da raça Red Poll, cuja última participação foi em 2019. Nos zebuínos, terá a volta da raça Sindi, com oito exemplares inscritos, que não participava da feira desde 2015. E nos equinos há o retorno do Mangalarga Marchador, com 11 animais, que desde 2017 não comparecia à Expointer.