O Irã é o único país do mundo que permite a venda de órgãos.
No entanto, a regra vale apenas para cidadãos locais e para a venda de rim, dentro de um sistema coordenador por uma fundação governamental.
Também há limite para a compensação financeira de US$ 4.600 por órgão.
O vendedor recebe o valor quando a operação é concluída. O governo paga pela cirurgia e um grupo de caridade pode contribuir com custos adicionais, se o beneficiário for necessitar.
Sistema eficiente
A legalização da comercialização de rim por pessoas vivas ocorreu devido à falta de infraestrutura para manter um sistema eficiente de transplante de órgãos no país. Compradores e doadores devem estar inscritos no sistema governamental que faz a ponte entre os dois, mediante critérios como tipo sanguíneo, perfil imunológico e características físicas, como peso e tamanho. Além da avaliação física, todos são submetidos a uma análise psicológica.
Baixos custos
De acordo com as autoridades iranianas, o sistema oferece às pessoas pobres uma forma relativamente segura de ganhar dinheiro, ao mesmo tempo que salvam vidas, mantêm baixos os custos das cirurgias e reduzem o tempo de espera para transplantes num país onde poucos órgãos eram doados de pessoas que morreram.
Entretanto, entidades internacionais, como a Organização Mundial de Saúde (OMS) opõem-se fortemente à comercialização da venda de órgãos, argumentando que isso explora os vendedores e leva os médicos a realizar procedimentos arriscados.
Além disso, a medida não é capaz de inibir a venda ilegal de órgãos. Mesmo com a permissão de pagamento, não é incomum vendedores e compradores optarem por acordos ocultos potencialmente mais lucrativos, de acordo com um estudo publicado em 2022 na revista Transplant International.
Sistema paralelo
Pelo sistema paralelo, os vendedores podem conseguir milhares de dólares a mais de iranianos abastados, ansiosos para contornar a lista de espera de cerca de um ano no âmbito do sistema governamental.
Há ainda a opção de venda para estrangeiros, que estão excluídos do programa nacional.
Nesse âmbito de venda ilegal, acontece a comercialização de todo tido de órgão, desde rim até fígado, testículo, medula-óssea e pulmão. As informações são do jornal O Globo.