A Câmara Municipal de Montenegro, na Região Metropolitana de Porto Alegre, aprovou, nesta quinta-feira (20), pedido para iniciar o processo de cassação da vereadora Camila Oliveira (Republicanos). A parlamentar gravou, acompanhada de duas adolescentes em seu gabinete, um vídeo em que mulheres de esquerda são comparadas a cadelas.
Em plenário, a vereadora leu um pronunciamento, dizendo ser alvo de “perseguição e cancelamento”. “Na semana passada, recebi a visita delas no meu gabinete, conversamos sobre o baixo engajamento dos jovens na vida política e o alcance das redes sociais como forma de manifestação”, disse Oliveira.
No vídeo divulgado em uma rede social na sexta-feira (14), a vereadora aparece segurando uma bandeira do Brasil. Ao lado de duas jovens e dentro do gabinete, ela dubla o funk “O proibidão do Bolsonaro”, de MC Reaça, artista que morreu em 2019.
“As mina de direita são as top, mais bela. Enquanto as de esquerda tem mais pelo que cadela. Bolsonaro salta de paraquedas”, diz a letra do funk.
A vereadora disse que apenas participou do vídeo, que teria sido idealizado pelas adolescentes.
“Minha participação no vídeo elaborado pelas duas adolescentes que são eleitoras e, portanto, possuem discernimento suficiente para definir politicamente suas convicções. Se traduz, ao meu ver, em uma brincadeira, visto tratar de uma música paródia existente desde 2018”, falou Camila Oliveira.
A parlamentar disse ter sofrido críticas, ameaças, xingamentos, calúnias, injúrias e difamações após a repercussão do caso.
“Participei do vídeo, mas não sou a compositora da música. Participei sem qualquer cunho de intolerância, como querem apregoar.”
Processo de cassação
O PDT é o autor do pedido de cassação, que tem prazo de 90 dias para ser analisado pela comissão formada pela Câmara. O presidente do Legislativo, Talis Ferreira (PP), disse que o caso foi analisado pelo setor jurídico da casa.
“Tão logo o fato explodiu nas redes sociais, começou uma chuva de mensagens, de ligações, não só da comunidade para eu que sou o presidente da casa, mas também para todos os demais vereadores daqui no final de semana. Foi então que, como presidente desta casa, rapidamente, pedi calma a todos e, principalmente, nos reunimos com o júridico para ver o que nós poderíamos fazer naquele momento”, declarou em plenário.
Manifestantes acompanharam a sessão dentro e fora do plenário que confirmou a abertura do processo.