A Polícia Federal (PF) intimou o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados para prestarem depoimentos sobre a investigação que apura tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. Bolsonaro deverá ir à PF nesta quinta-feira (22).
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, e o ex-ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, também foram intimados.
Todos devem ser ouvidos até sexta (23). A Polícia Federal descobriu o vídeo de reunião em que Bolsonaro diz a ministros que não podem esperar o resultado da eleição presidencial de 2022 para agir. A defesa dele, no entanto, diz que Bolsonaro nunca pensou em golpe.
Além da gravação, apreendida no computador de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, a PF colheu outros elementos que colocam o ex-presidente no centro da trama golpista. A PF descobriu, por exemplo, a gravação de uma reunião, em julho de 2022, em que Bolsonaro convoca seus ministros para discutir estratégias que evitassem derrota nas eleições. Àquela altura, Bolsonaro prevê que poderia perder a disputa e pede para os ministros acionarem “o plano B”.
Na mesma reunião, um de seus auxiliares mais próximos, general Augusto Heleno, então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), defende que a “mesa” tinha que ser virada logo, antes do resultado das eleições. A PF ainda encontrou, no gabinete de Bolsonaro na sede do PL, um documento que anunciaria a decretação de um Estado de sítio e a imposição da garantia da lei e da ordem no País.
Aliados do ex-presidente, por sua vez, alegam que ele não diz especificamente que quer o golpe. Logo após a operação, a defesa do ex-presidente disse que Jair Bolsonaro “jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam”.