Um casal de Camaquã, cidade a 130 km de Porto Alegre, diz ter sido barrado no Theatro Municipal de São Paulo por “usar fantasia”. Na verdade, Wendell Coelho e Pati Viegas usavam a pilcha, a roupa tradicional do Rio Grande do Sul. O episódio ocorreu no sábado (27), segundo os gaúchos.
Ao g1, o Theatro Municipal afirma em nota que o casal estava na escadaria interna do saguão com equipamentos profissionais e que, para realizar o registro, deveria solicitar autorização prévia. Também diz que não tolera “nenhum tipo de discriminação” – ver íntegra da nota abaixo.
Eles entraram no teatro e, quando iriam tirar uma foto na escadaria do centro cultural, teriam sido impedidos por funcionários.
“Veio uma moça e nos falou que ali (a gente) não poderia tirar foto com fantasia e tal. A gente argumentou que não era fantasia, que era uma pilcha gaúcha”, diz Wendell.
Wendell afirma que tentou explicar a origem da roupa e que, no Rio Grande do Sul, ela não é considerada fantasia. Ele ainda diz ter citado o exemplo do vice-campeão do BBB, Matteus Amaral, que usava a pilcha.
Wendell e Pati estão gravando um documentário sobre a cultura de diversos locais do país. Antes de chegar a SP, o casal passou por Salvador, Rio de Janeiro e Ouro Preto.
O que é a pilcha gaúcha
Matteus, vice-campeão do BBB, com pilcha gaúcha no aerporto de Porto Alegre — Foto: Maxi Franzoi/Especial
A pilcha é um traje tradicionalista da cultura gaúcha e representa parte das tradições e da identidade da população do estado. O vice-campeão da 24ª edição do Big Brother Brasil (BBB), Matteus Amaral, chegou a exibir a vestimenta na chegada a Porto Alegre, após o fim do programa.
O traje foi transformado em “traje de honra e de uso preferencial no Rio Grande do Sul” pela lei 8.813, de 1989, decretada na Assembleia Legislativa do estado. Um dos artigos, inclusive, permite substituir trajes convencionais em atos oficiais, públicos ou privados.
Nota do Theatro Municipal de São Paulo
Recebemos a informação de que o casal em questão estava na escadaria interna do Saguão do Theatro com câmeras profissionais e tripé para gravação de um documentário e sessão de fotos, sem ter solicitado previamente a autorização para realizar a gravação.
Assim, nossa equipe orientou que esse tipo de procedimento de sessão de fotos profissionais necessita uma autorização prévia ou contrato de cessão onerosa de espaço. Por se tratar de patrimônio do município, o uso do Complexo Theatro Municipal deve seguir o regulamento de cessão onerosa de espaços, publicado no site, e tratando-se de documentário, deve seguir o Decreto Municipal nº 56.905, de 30 de março de 2016 com trâmites via SPCine para gravações em patrimônio público.
Também foi solicitada a desocupação dos equipamentos profissionais do salão principal, para evitar prejudicar outros participantes das visitas guiadas do Programa Municipal de Portas Abertas, no qual o público pode adentrar aos espaços de forma gratuita, programa que traz grande público ao longo do dia, principalmente em finais de semana e feriados. Em 27 de abril tivemos mais de 1.100 pessoas na casa. Nenhum dos participantes foi convidado a se retirar, apenas foram alertados sobre o procedimento para realizar uma sessão de fotos e captação de imagens profissionais. Porém, ficou evidente que estavam pilchados especificamente para esse documentário. O casal pode continuar sua visita e fazer fotos pelo celular pessoal.
É um equívoco dizer que os dois participantes tiveram sua atenção chamada em decorrência de suas vestimentas. Não existe restrição em relação a vestimentas nas áreas do Complexo Theatro Municipal. Nossa política de atendimento ao público não tolera nenhum tipo de discriminação que exclua qualquer participante de nossas visitas por esta ou qualquer característica. Mantemos a orientação rigorosa de nossas equipes de atendimento para receber de modo igualitário todos os visitantes.
Fonte: G1