A Central de Abastecimento (Ceasa) do Rio Grande do Sul estima que entre 150 e 200 caminhões de carga estão presos em Santa Catarina devido aos bloqueios de estradas por manifestantes contrários aos resultados das eleições presidenciais do último domingo (30).
A Ceasa do estado fica em Porto Alegre e funciona como ponto de concentração da produção de hortaliças e frutas de diferentes regiões do Brasil. A ideia é interligar a produção em escala nacional, garantindo que regiões que não produzem um determinado produto possam recebê-lo de uma região que produz.
De acordo com o levantamento mais recente da Polícia Rodoviária Federal (PRF), divulgado na manhã desta quinta-feira (3), há 17 interdições de rodovias com 13 bloqueios totais em todo o país. A maior parte dos veículos está parada em Itajaí (SC), onde há bloqueios em trechos das BRs 101 e 470.
“É uma situação que nos preocupa muito e já começamos a falar em desabastecimento. Estamos recebendo só produtos gaúchos – produzidos no estado – e isso significa menos de 30% de tudo que a Ceasa vende”, diz o presidente da Central, Ailton dos Santos Machado.
Ele estima que há 100 mil caixas de 20 kg com legumes para chegar a Porto Alegre (acima, veja o vídeo de um dos caminhões de carga). São produtos como tomate, pimentão, vagem, abobrinha, cebola e batata. Fora frutas, como abacaxi, mamão, melão, manga e melancia. Além disso, como são perecíveis, não há garantia de que os alimentos vão chegar em condições de venda e, consequentemente, consumo. Por essa razão, o prejuízo financeiro só poderá ser calculado quando as cargas chegarem.
Um dos comerciantes da Ceasa que foi afetado é Sérgio Di Salvo. Ele compra de produtores de outros estados para revender no Rio Grande do Sul. Sérgio planejava vender três mil caixas de produtos nesta quinta, mas isso não vai ser possível devido aos bloqueios.
“Eu não vou vender nada”, lamenta.
No total, 250 empresas que vendem a partir da Ceasa foram afetadas, segundo a direção do espaço. Supermercados de Porto Alegre e da Região Metropolitana já devem começar a sentir reflexos dos bloqueios a partir desta quinta-feira (3). Do interior, a partir de sexta-feira (4).
Quanto à previsão de normalização do abastecimento, a direção da Ceasa explica que, caso as estradas sejam liberadas, os motoristas dos caminhões ainda vão ter que enfrentar um viagem de 10 horas até chegar em Porto Alegre.
“Se chegaram nas primeiras horas da manhã, o abastecimento começa a acontecer. O grande movimento é às 13h. Então, começando às 10h, dá tempo de fazer toda a logística e preparo dessa mercadoria para fornecer aos clientes”, conta Machado.